quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Prêmio TRIP Transformadores

A revista TRIP, ao invés de lotar suas páginas com as tradicionais notícias de corrupção e crimes hediondos, resolveu abrir espaço para as ações positivas que acontecem no mundo. Inicialmente o preconceito conservador tende a nos enganar, no sentido de parecer que pouco ou nada é feito de bom no mundo, porém trago más notícias para os pessimistas: existe, sim, pessoas no mundo que realmente se importam e, mais que isso, fazem a diferença. São conhecidas como Multiplicadores Sociais ou Agentes Transformadores e algumas delas foram selecionadas para o Prêmio TRIP Transformadores 2008 - uma forma de reconhecer e homenagear esses paladinos. O prêmio está em sua segunda edição e é dividido em 12 categorias (corpo, alimentação, conexão, sono, liberdade, desprendimento, saber, diversidade, acolhimento, biosfera, trabalho e teto), sendo 3 indicados em cada uma delas.

A grande sacada é a realização de debates entre os indicados e o público. Portanto se você quer "mudar o mundo" e não sabe por onde começar, a TRIP facilitou e reuniu em um encontro pessoas que também pensam assim e que a muito lutam por transformações. Nem tudo são flores, a má notícia é que infelizmente os debates - ao todo três - já aconteceram. Por outro lado, parte deles foram registrados em vídeo e podem ser vistos no site oficial do Prêmio.

A premiação ocorre no dia 18 de novembro no Auditório Ibirapuera, em São Paulo Capital. O vencedor é escolhido no site por voto popular, ou seja, não perca tempo e CONHEÇA os candidatos e, principalmente, seus projetos. Dê seu voto para aquele que você mais simpatizar. A meu ver todos os indicados são vencedores e a premiação visa primordialmente à reflexão e troca de experiências. A competição é uma reles alegoria.


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Lista de Categorias e seus respectivos Indicados:

CORPO: Professor Hermógenes; Mayana Zatz; Deborah Colker.
ALIMENTAÇÃO: Marcos Palmeira; Luiz Geraldo Moura; Tereza Watanabe.
CONEXÃO: Karen Worcman; José Mindlin; Marcelo Araújo.
SONO: Tom Zé; Monja Coen; João Gilberto.
LIBERDADE: Sylvia Steiner; Antonio Carlos Gomes da Costa; Eduardo Suplicy.
DESPRENDIMENTO: José Junior; Susan Andrews; Ronaldo Lemos.
SABER: Laís Bodanzky e Luiz Bolognesi; Jair Ribeiro; Viviane Senna. Ruth Cardoso (in memoriam/hors-concours)
DIVERSIDADE: Guti Fraga; Hermano Vianna; Eduardo Viveiros de Castro.
ACOLHIMENTO: Regina Moraes Waib; Maria da Penha; Jô Clemente.
BIOSFERA: Frans Krajcberg; Cláudio Valladares Pádua; Lélia Deluiz Wanick Salgado.
TRABALHO: Myrna Domit; Oded Grajew; Drauzio Varella.
TETO: Paulo Mendes da Rocha; Mara Siaulys; Denis Mizne.

PS1: Os nomes em negrito são os candidatos em quem votei. Não pretendo de forma alguma influenciar as escolhas de ninguém. Coloquei minhas escolhas aqui a título de simples curiosidade e para que possa conferir depois com o resultado oficial. Fica aqui, também, uma proposta para que vocês coloquem nos comentários a lista de seus escolhidos.

PS2: Gostaria que Ronaldo Lemos estivesse concorrendo na categoria Saber.
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quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Caminho Alternativo*





Muitas pessoas que assistem The Story of Stuff perguntam o que podem fazer para resolver os problemas identificados no filme. Cada um de nós pode promover a sustentabilidade e a justiça de diversas maneiras: como um indivíduo, como um professor, como pai e mãe, um membro da comunidade, um cidadão nacional, bem como um cidadão global. Como diz Annie no filme: "a coisa boa sobre um conjunto de tantos problemas é que há tantos pontos possíveis de intervenção". Isso significa que existem muitos e muitos lugares para se envolver e fazer a diferença. Não existe uma solução simples, porque o conjunto de problemas que estamos lidando não é simples. Mas todos podem fazer a diferença. Quanto mais intensas suas ações, maior é a diferença que você pode fazer. Aqui estão algumas idéias:


10 Coisas Pequenas e Grandes Que Você Pode Fazer

1. Poupe energia! Uma grande parte dos recursos que utilizamos e os resíduos que criamos está na energia que consumimos. Procure oportunidades em sua vida para reduzir significativamente a utilização da energia: dirigir menos, voar menos, desligar luzes, comprar comida sazonal local (alimentos precisam de energia para crescer, serem embalados, armazenados e transportados), vestir blusa ao invés de aumentar o aquecedor, utilize o varal ao invés da secadora de roupas, tirar férias mais perto de casa, comprar usados ou pedir emprestado antes de comprar coisas novas, reciclar. Todas estas coisas economizar energia e poupam seu dinheiro. E, caso você mude para alternativas de energia menos poluentes ou instale painéis solares em sua casa, bravo!

2. Gaste menos. A produção per capita de resíduos no Brasil continua a crescer. Existem todos os dias centenas de oportunidades para fortalecer a cultura do "Desperdício Zero" em sua casa, escola, trabalho, igreja, comunidade. Para isso devemos desenvolver novos hábitos que brevemente se tornarão comportamentos naturais. Usar os dois lados do papel, transportar a sua própria bolsa ecológica ("Eu não sou de plástico") e caneca, recarregar cartuchos de impressoras em vez de substituí-los, realizar a compostagem dos restos alimentares, evite água engarrafada e outros produtos com muitas embalagens, atualizar em vez de comprar computadores novos, reparação e consertos em vez de substituição .... a lista é interminável! Quanto mais intensamente nos empenharmos na reutilização ao invés do desperdício, mais se cultivará uma nova norma cultural, ou ainda, substituiremos nossos antigos hábitos!

3. Divulgue essa causa. Na escola, na vizinhança, em filas no supermercado, no ônibus... Um aluno uma vez perguntou a César Chávez como ele administrava. Ele disse: "Primeiro, eu falo com uma pessoa. Depois eu falo com outra pessoa.” "Não", disse o aluno, "como você administra?" Chávez respondeu, "Primeiro eu falo com uma pessoa. Depois eu falo com outra pessoa." Falar sobre estas questões sensibiliza, constrói relações comunitárias e pode inspirar outros a agir.

4. Se faça ouvir. Escreva cartas ao editor e submeta artigos para imprensa local. Nos últimos dois anos, e especialmente com Al Gore ganhando o Prêmio Nobel da Paz, a mídia tem sido forçada a escrever sobre as Alterações Climáticas. Enquanto indivíduos podemos influenciar os meios de comunicação para melhor representar outras questões também importantes. Cartas ao editor são uma ótima maneira de ajudar os leitores de jornais a fazerem ligações de fatos, que sem a sua ajuda podem passar despercebidas. Jornais locais também estão muitas vezes dispostos a divulgarem resenhas de livros e filmes, artigos e entrevistas realizadas por membros da comunidade. Pesquisar nos meios de comunicação (jornais, revistas, televisão etc) sobre as questões preocupantes.

5. Desintoxique seu corpo, Desintoxique sua casa, e Desintoxique a Economia. Muitos dos produtos de consumo de hoje - de pijama infantil até batom - contêm aditivos químicos tóxicos que simplesmente não são necessários. Pesquise online (por exemplo, http://www.cosmeticsdatabase.com/) antes de comprar para ter certeza de que você não está introduzindo tóxicos desnecessários em sua casa e no corpo. Então, diga aos seus amigos sobre tóxicos em produtos de consumo. Juntos, perguntem as empresas por que eles estão usando produtos químicos tóxicos sem qualquer aviso nos rótulos. E pergunte aos funcionários porque eles estão permitindo essa prática. A União Européia adotou políticas rígidas que exigem a remoção de tóxicos de muitos produtos. Assim, enquanto os nossos aparelhos eletrônicos e cosméticos são cheios de produtos tóxicos, as pessoas na Europa podem comprar as mesmas coisas livres de toxinas. Vamos exigir a mesma coisa aqui. Tirar os tóxicos da fonte de produtora é a melhor maneira de garantir que eles não fiquem em nossa casa e órgãos.

6. Desligue (a TV e Internet) e Ligue (a Comunidade). Um adulto nos Estados Unidos passa mais de 4 horas por dia em frente à televisão. Quatro horas por dia preenchidas com mensagens sobre coisas que devemos comprar. Essas quatro horas por dia poderiam ser gastas com a família, amigos e em nossa comunidade. Já o ativismo on-line é um bom começo, mas gastar tempo no boca-a-boca com pessoas ou em atividades comunitárias reforçam a comunidade. Muitos estudos demonstram que uma comunidade forte é uma fonte de apoio social e logístico, maior segurança e felicidade. Além disso, uma comunidade forte também é essencial para se ter uma forte e efetiva democracia.

7. Estacione o carro e ande... e quando necessário MARCHE! Veículos terrestres incentivam estilos de vida que conduzem a emissão de mais gases de efeito estufa, estresse, extração de combustíveis fósseis, a conversão da produção agrícola e das vegetações nativas em estradas e estacionamentos. Conduzir menos e caminhar mais é bom para o clima, o planeta, para sua saúde e seu bolso. Mas às vezes não temos uma opção para deixar o carro em casa, devido à insuficiência de vias para bicicletas ou ineficiência dos transportes públicos. Então, temos de marchar, ou seja, juntar-se com os outros à procura de opções sustentáveis de transporte. Ao longo da história dos Estados Unidos marchas pacíficas têm desempenhado um importante papel na sensibilização sobre problemas, mobilizando as pessoas e enviando mensagens para os responsáveis pelas decisões de mudança.

8. Mude suas lâmpadas... e então, mude o seu paradigma. Substituir lâmpadas elétricas é rápido e fácil. Lâmpadas elétricas de eficiência energética podem usar 75% menos energia e duram 10 vezes mais tempo do que os convencionais. Mas trocar as lâmpadas é apenas uma mudança superficial nesse sistema fundamentalmente imperfeito, devemos mudar também o nosso paradigma. Um paradigma é um conjunto de suposições, conceitos, crenças, valores e que juntos formam um modo de visualização da realidade. Nosso paradigma atual dita que quanto mais, melhor; que o crescimento econômico infinito é desejável e possível e que a poluição é o preço do progresso. Para realmente dar a volta por cima, nós precisamos adestrar para um paradigma diferente baseado nos valores da sustentabilidade, da justiça, da saúde e da comunidade.

9. Recicle o seu lixo... e recicle seus representantes políticos. Reciclagem poupa energia e reduz os resíduos e as pressões no cultivo e mineração de novos recursos. Infelizmente, muitas cidades ainda não têm sistemas de reciclagem adequadamente instalados. Nesse caso, você pode encontrar inicialmente algumas opções de reciclagem na lista telefônica. E enquanto isso, pressione o governo local para apoiar a reciclagem em sua cidade. Além disso, muitos produtos - por exemplo, a maioria dos eletroeletrônicos - são projetados para não serem reciclados ou contêm tóxicos e, portanto, sua reciclagem é perigosa. Nestes casos, temos de pressionar governo a proibir tóxicos em produtos de consumo e de promulgar leis de responsabilidade sobre a cadeia crodutiva, como acontece na Europa. EPR (Extended Producer Responsibility) é uma política que detém aos produtores responsáveis por todo o ciclo de vida de seus produtos, de modo que a companhia eletrônica que utilizar tóxicos em seus produtos assume a responsabilidade sobre eles e deve recebê-los de volta. Isso é um grande incentivo para que estes produzam sem utilizar tóxicos!

10. Compre Verde, Compre Honestamente, Compre Localmente, Compre Usados, e o mais importante, Compre Menos. O consumismo não é a solução para os problemas ambientais que enfrentamos atualmente, uma vez que as verdadeiras mudanças que almejamos não estão à venda, nem nas lojas mais ecologicamente corretas. Mas, quando fazemos compras é preciso garantir que nosso dinheiro apóie as empresas que protegem o ambiente e os direitos dos trabalhadores. Procure e olhe atentamente se os produtos com rótulos ambientáis de "100% natural" ou “ecologicamente correto” são efetivamente reais. É orgânico? É livre de plástico PVC supertóxicos? Quando puder compre produtos locais em lojas locais, para manter parte do seu dinheiro investido na sua comunidade. Ao comprar usados, você os mantém longe do lixo e evita o desperdício criado para sua extração e produção. Mas, comprar menos pode ser a melhor opção de todas. Menos poluição. Menos Resíduos. Menos tempo de trabalho para pagar o material. Às vezes, menos é realmente mais.

* Tradução e Adaptação do Original: "Another Way".

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Vale a pena conferir...

Sites:
The Story Of Stuff (Oficial - Versão em Inglês)
A História das Coisas (Versão em Português)

Filmes:
O Clube da Luta (1999)
Super Size Me - A Dieta do Palhaço (2004)
Boa Noite e Boa Sorte (2005)
Uma Verdade Inconveniente (2006)

Livros:
Gaia: Uma Teoria do Conhecimento (William Irvin Thompson)
Introdução à Permacultura (Bill Mollison e Reny Mia Slay)
Como Fazer Quase Tudo (Reader's Digest)
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quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Autoria Coletiva

O empresário, diretor do Instituto Ethos, fala do poder da sociedade organizada e da importância da participação popular. Foto: Adriana Vichi.


O empresário Oded Grajew, nascido em 1944, em Tel-Aviv, Israel – na época ainda Palestina –, chegou ao Brasil aos 12 anos e, aos 15, com a morte do pai, assumiu as responsabilidades de chefe da família. A vida privada atribulada, porém, não o impediu de investir tempo e dedicação nos estudos. Formou-se em engenharia elétrica pela Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduou-se em administração na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em 1972, criou a Grow Jogos e Brinquedos. No entanto, uma vez empresário, Grajew vislumbrou o futuro e não se viu no mundo dos negócios, em que o interesse é puramente o lucro financeiro. Em 1986, assumiu a presidência da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq) e, em 1990, criou a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente. A partir de então, o entrevistado deste mês não parou mais de desempenhar o papel do que ele mesmo chama de “empresário social”, ajudando a jogar luz sobre o, hoje, muito comentado terceiro setor. Em 1998, participou da fundação do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, do qual é o atual diretor-presidente, e, em 2001, idealizou o Fórum Social Mundial. Foi também um dos criadores do Movimento Nossa São Paulo, no ano passado, cujo objetivo é mobilizar empresas, sociedade e governos em torno da elaboração de um conjunto de metas que possam reverter o grave quadro de “saúde” no qual se encontra a capital. “São Paulo enfartou”, afirma categórico. “Então, é o momento de olhar e dizer: ‘Vamos cuidar da cidade’”. Na entrevista que concedeu à Revista E, Grajew falou sobre o Nossa São Paulo, comentou a mudança da lei orgânica municipal – que passa a comprometer o prefeito em exercício com metas preestabelecidas para a gestão da cidade – e explicou a importância do desenvolvimento sustentável. A seguir, trechos:

Em breve teremos eleição para prefeito e vereadores. No caso de São Paulo, você acredita que os problemas cruciais dessa cidade problemática serão discutidos?

Acho que sim, e por vários motivos: são problemas que afetam a todos, e os candidatos sempre têm interesse em discutir os problemas cruciais que afetam mais a população. Outra coisa é a qualidade da discussão. Agora, um desses assuntos importantes, e que foi pouco discutido nas outras eleições, mas que vai ser abordado desta vez, é a questão da desigualdade.

Da desigualdade social? Por que você acha que será desta vez?

A cidade sempre está mostrando a desigualdade. Um dos aspectos dela, por exemplo, é a questão da mobilidade. Trata-se de uma das causas da desigualdade. As pessoas não têm trabalho, lazer, cultura onde elas moram, por isso têm que se deslocar muito pela cidade para ter acesso a tudo isso. Outro ponto são os indicadores, ou seja, olhar a cidade com base em sua realidade concreta e não subjetiva, fazer um diagnóstico mais técnico: como está a evasão escolar, a mortalidade infantil e assim por diante. A mudança da lei orgânica do município é uma coisa muito importante. Um exemplo é a Colômbia. A mudança da lei orgânica em Bogotá [capital da Colômbia] foi superimportante. Com essa mudança, o programa de metas do próximo prefeito [de São Paulo] primeiro terá que ser baseado em indicadores – inclusive quantitativos –, depois terão que ser traçadas metas para cada área temática da cidade (saúde, educação, transporte, mobilidade etc.) e para cada subprefeitura em cada um dos 96 distritos. Isso tudo significa que você vai ter que escancarar a cidade mostrando e combatendo a desigualdade. A gestão terá que ser compatível com o programa eleitoral. Ou seja, esse processo eleitoral vai ser diferente. O que a gente espera é que a sociedade e os partidos políticos se preparem para apresentar programas. Mas não programas subjetivos, superficiais ou pontuais, mas programas completos, com metas, objetivos e indicadores, programas que sejam a preparação para o próprio plano de governo.

Você mencionou a sociedade. Vamos falar então do Movimento Nossa São Paulo, lançado em 2007 e que tem como objetivo justamente comprometer a população, além dos governos, claro, com as agendas e conjuntos de metas a serem cumpridos.

Esse movimento é um fato novo na cidade. Hoje ele reúne quase 500 organizações.

Mas você acredita que a cidade está caminhando para um estágio político em que essas articulações, como o Nossa São Paulo, façam com que a cidade consiga uma democracia participativa de fato? Esses mecanismos estão sendo criados?

Estão. São Paulo tem muitas entidades fazendo muitas coisas boas, tanto da parte das empresas quanto da sociedade. O que ocorre é que muitas vezes são ações divididas, fracionadas e que dificilmente se encontram, mas que, quando se juntam, fazem muita coisa acontecer. E, justamente, o Movimento Nossa São Paulo é uma rede. Não é uma ONG [organização-não governamental], não tem presidente e não tem diretoria. Trata-se de uma campanha e não algo esporádico que acaba na eleição. O Nossa São Paulo veio para ficar.
Foi ele que fez aprovar essa mudança na lei orgânica, coisa que todos achavam que nunca iria acontecer. Além disso, o movimento gerou outros, como em Ilhabela [município do litoral do Estado de São Paulo], onde a mesma lei foi aprovada, e graças à mobilização da sociedade. Sabe aquele cara que tem um enfarte e resolve cuidar da saúde? Porque o enfarte é resultado de um monte de coisas: alimentação ruim, vida sedentária, estresse, colesterol. Ou seja, é o sintoma de uma doença. Aí o sujeito tem uma chance e resolve cuidar da vida, fazer exercício etc. Essa é a esperança para São Paulo. São Paulo enfartou. Então é o momento de olhar e dizer também: “Vamos cuidar da cidade”. Tem gente que faz preventivamente, tem gente que age depois do enfarte. Geralmente, a coisa acontece depois da desgraça. Mas há aspectos positivos. Primeiro que São Paulo enfartou, mas não morreu, então tem uma chance de se cuidar. Depois porque hoje, no Brasil, São Paulo tem uma sociedade sempre atuante e ela também está cada vez mais se conectando e ganhando força conjunta, o que é uma coisa importante.

Você citou o exemplo de Bogotá, e o Movimento Nossa São Paulo buscou inspiração em algo parecido com o que aconteceu lá. Como São Paulo pode “aprender” com Bogotá?

Na realidade, o Movimento Nossa São Paulo nasceu antes de conhecermos o que aconteceu em Bogotá. Só que, por coincidência, são caminhos muito parecidos. Na verdade não foi uma inspiração, foi mais fazer o mesmo caminho. Bogotá nos inspirou nessa lei aprovada, e que lá foi fundamental. Lá inclusive é uma lei federal, que vale para todas as cidades.

Essa mudança seria a chance de a periferia ser finalmente assistida pelas administrações, não? Uma vez que na maioria dos casos as ações acabam privilegiando uma parcela muito específica da população.

O que acontece não só na administração pública, mas também nas empresas, organizações sociais etc., é que quando há um sistema de avaliação, aquele que dirige se preocupa em mostrar resultados. Se não houver nenhuma avaliação, o que vale é a “pirotecnia”, as obras faraônicas – e, quanto mais faraônico, melhor, mais aparece. Ou seja, quando você sabe que vai ser avaliado pelos resultados concretos, pelos indicadores e pela redução de desigualdade, a expectativa é de que você se preocupe com esses elementos. Em várias cidades do mundo, ou em várias organizações sociais, empresas etc., as pessoas se preocupam em cumprir as regras estabelecidas naquilo pelo qual elas vão ser avaliadas. O Movimento [Nossa São Paulo] publica os indicadores a cada ano para toda a sociedade, e não só isso: também faz uma pesquisa de percepção, que nós encomendamos ao Ibope todo ano. Um estudo de como a população sente os diversos serviços da prefeitura, como avalia a Câmara. São mais de duzentas perguntas, está tudo em nosso site. Então ele [o administrador] sabe que vai ser avaliado por isso, pela qualidade de ensino, pela qualidade no atendimento na saúde, pelo tempo de espera de atendimento. São mais de duzentos itens avaliados que receberão nota dada pela população. Em Bogotá, por exemplo, como o prefeito sabe que vai ser avaliado pelo resultado da gestão, ele procura colocar as melhores pessoas na execução das ações. Algumas vezes esses executores, secretários, por exemplo, permanecem no cargo mesmo com a mudança de gestão, porque é sabido que aquela pessoa está conseguindo resultados. Logo, não acontece de colocar um amigo, um parente, um colega de partido ou de partido aliado só porque tem acordo político. Isso porque o governante sabe que vai se enterrar politicamente se não cumprir o programa.

A tradição política brasileira é a de que, quando um partido rival assume, não continua a obra do partido antecessor. Com isso, bons programas são abandonados. Você acha que estamos começando a criar mecanismos por meio dos quais a população possa exigir a continuidade desses bons programas?

O que a gente espera é que o candidato, sabendo que depois de eleito será cobrado, não faça o que, além de prejudicar a população, vai prejudicar também sua carreira política.

Quase sempre quando chegam as eleições municipais, a grande pergunta é: em quem eu vou votar para vereador? Verifica-se que grande parte da sociedade abandonou a militância partidária. Com isso, a representação na Câmara não reflete a criatividade e a complexidade econômica que São Paulo alcançou. Como a gente consegue resolver uma questão dessas?

Isso é verdade. A nota mais baixa que a população dá para as instituições em São Paulo é para a Câmara de Vereadores. Tenho ido a vários lugares, universidades, escolas, e, quando pergunto se ali tem algum candidato a vereador, as pessoas começam a rir, como se eu tivesse falado uma piada, o que é péssimo. Bom seria se as pessoas se interessassem pela política, participassem da vida partidária, se candidatassem. Porque alguém vai se candidatar, então não adianta dizer que a política é suja. Alguém vai lá e vai atuar e ter um nome. Um dos objetivos do Movimento Nossa São Paulo é revalorizar a atividade política, que é uma atividade destinada a ser nobre, o servidor público servindo a comunidade. Com isso, o que se quer é mudar as regras atuais do jogo político, fazer com que essas regras sejam voltadas à participação da sociedade, ao estabelecimento de metas baseadas em indicadores. A idéia é jogar luz sobre a política para que essa luz possa iluminar positivamente aqueles bons [políticos]. O que estou sentindo já nessa eleição – estou até falando com o pessoal de vários partidos políticos – é o interesse crescente de participação de gente que nem era ligada a política, a partidos políticos, e quer se candidatar, quer participar, valorizar esse momento em São Paulo.

Você parece otimista com essa questão. Sem querer ser pessimista, mas por que você acredita que agora vai ser diferente se sempre houve mecanismos de avaliação para os parlamentares, por exemplo, para saber se eles comparecem às sessões etc.?

Essa avaliação de resultados vai extrapolar o âmbito da administração pública, a parte executiva, e vai para a Câmara de Vereadores. Isso vai ser feito a partir da próxima gestão. Estou otimista não porque acho que veremos resultados maravilhosos tão cedo. É um processo longo. Mudanças desse calibre levam tempo e são paulatinas. Estou otimista porque surgiu um processo diferente nesse sentido. Tem uma perspectiva. São Paulo gera exemplaridade para o Brasil, tem maior visibilidade, tudo o que acontece aqui de bom e de ruim gera referência. Então, a partir daqui, já há vários movimentos, em várias cidades, se constituindo. Há no Rio de Janeiro, em Ilhabela, em Teresópolis, em São Luís, em Belém, e agora há interessados em outras cidades, como Campinas, Maringá, Belo Horizonte e Salvador. Se isso não acontecer, se a sociedade não se mexer, pode abrir mão de qualquer futuro melhor, porque hoje a maioria dos políticos é de eleitos e exercem mandatos a serviço dos seus financiadores de campanha. Não todos, a maioria. O que vale na democracia é a maioria, não é? Então não se prestam contas para a população, especialmente a mais pobre, que não financia campanhas. Quem financia quer retorno. O dado mais preocupante é que cerca de 80% das campanhas políticas são feitas com dinheiro vindo de atividades ilegais. Isso significa que uma boa parte dos políticos está a serviço de atividades ilegais. É enorme o risco de o crime organizado tomar conta do Estado brasileiro. É só ver como o desmatamento na Amazônia aumenta em época de eleições. Ninguém quer mexer com os financiadores de campanhas, os madeireiros, as atividades de ocupação ilegal. Na véspera de eleição você não mexe com diversas atividades ilegais porque são financiadoras de campanha.

Os índices de congestionamento no trânsito de São Paulo têm batido recordes a cada semana. Como reverter essa equação?

Só para ter uma idéia, em São Paulo estima-se que cerca de 25% da frota de veículos seja ilegal – o que equivale a mais ou menos 1 milhão e meio de carros ilegais. Não pagam impostos, são clandestinos, não pagam IPVA, são poluidores, têm segurança baixa e por aí vai. É difícil também mexer com isso em véspera de eleição. E não me refiro a um ou outro candidato, todos querem ganhar as eleições. Só a sociedade civil revela essas coisas. De novo, a questão da mobilidade não é a doença, é o sintoma. É a analogia que eu fiz com o enfarte: entupiu a veia, agora é cuidar da doença. Quando você tem ciência da doença já é um bom passo. No ano passado, o Movimento Nossa São Paulo promoveu o Dia Mundial Sem Carro [em São Paulo], que é um dia para discutir todos esses assuntos. A situação era ruim, mas não tão ruim como é hoje. A gente tinha avisado que 800 novos carros entram, por dia, em São Paulo – o que torna absolutamente previsível o que está acontecendo agora.E se você não tem consciência disso, de que a cidade vai parar, você não faz nada. Deixa rolar, compra mais carro, faz propaganda de carro. Eu acho que hoje a consciência da “doença”, de que estamos indo para um colapso, é bem maior.

Você acha que hoje existe mais corrupção ou são os escândalos que aparecem mais do que antes?

Eu acho que aparecem mais, não sei se aumentaram ou não. Eu acho que seria muita especulação afirmar algo nesse sentido. A democracia tende a diminuir a corrupção porque você tem mais informações, liberdade de imprensa, as coisas aparecem. Mas o problema da corrupção diz respeito à sociedade como um todo, porque existe o corrupto e o corruptor. Na realidade, o que alimenta muito a corrupção é a impunidade. Mas de novo dá para falar em um lado bom porque hoje todo mundo está sabendo que existe esse problema, que é uma questão grave, as pessoas percebem isso. Há movimentos de combate à corrupção, há movimentos de maior transparência da administração pública. À rede Nossa São Paulo incorporou-se uma outra, chamada Amarribo, que é uma rede que nasceu em Ribeirão Bonito e que hoje engloba 140 cidades.

Como funciona essa rede?

Começou com os amigos de Ribeirão Bonito e é uma rede de organizações sociais que olham contas públicas. Já cassaram um monte de prefeitos e vereadores olhando essas contas. Ou seja, a sociedade está se organizando para combater a corrupção. O Brasil tem uma carga tributária equivalente à de primeiro mundo, mas um serviço de quinta categoria. Isso por incompetência – não há objetivos, não há indicadores – e por corrupção. O Estado brasileiro – os governos municipais, estaduais e federal – é capaz de dar condições de vida iguais às de primeiro mundo. Não dá por causa da corrupção e da incompetência – casada com a falta de gestão e falta do acompanhamento da sociedade, avaliando objetivos, indicadores.

Temos uma questão econômica hoje em São Paulo. Muito da situação da cidade é resultado de melhorias como o final da inflação e o crescimento do país. Tanto que falávamos da quantidade de carros novos em circulação. Ou seja, o trânsito piora porque as pessoas têm dinheiro para comprar veículos. Como resolver isso?

Mas é por isso que se fala hoje em desenvolvimento sustentável. Ainda tem gente que só fala de crescimento, crescimento, crescimento, mas o que mais se necessita é de sustentabilidade. E o que significa sustentável? É um desenvolvimento que, justamente, se sustenta ao longo do tempo, que faz com que a vida do amanhã seja melhor do que a de hoje. Enquanto São Paulo se desenvolvia, sempre houve alguns “malucos” que diziam: “Atenção, estão matando nossos grandes rios, Tietê e Pinheiros”. Mas ninguém dava bola. Eram criticados inclusive – imagine, são contra o crescimento. Mas pense se São Paulo tivesse dado ouvidos a esses “loucos” que falavam de desenvolvimento sustentável, que os rios tinham que continuar limpos. As pessoas iam poder chegar no final da tarde de um dia bonito e mergulhar, ou nadar de manhã, pescar, ia ter transporte fluvial. Seria outra qualidade de vida. A vida piorou com esse desenvolvimento. Carros, claro, geram emprego etc., só que, no caso de São Paulo, das grandes cidades no geral, chega uma hora que ela entope.

E houve uma mudança de mentalidade?

Descobriu-se que o mundo tem limites, que o planeta tem limites, que as cidades têm limites e que não se pode fazer as coisas sem atentar para esses limites. É preciso se desenvolver de outra forma. Por isso, se fala em desenvolvimento sustentável, um desenvolvimento que faça com que a vida não piore amanhã.

Quais seriam os maiores problemas de São Paulo hoje em sua opinião?

Primeiro, o problema de processo. São Paulo é o processo político. Então primeiro vem a questão – que não é exclusividade de São Paulo – de financiamento de campanhas, o que faz com que uma boa parte dos políticos não fique a serviço da população, mas dos seus investidores. Segundo, a falta de uma gestão técnica, uma gestão eficiente, baseada em indicadores, em metas, em objetivos, avaliações, informações, e voltada para o resultado. Outro problema é a descrença da população na política, na participação política, na sistemática de cobrança de participação das políticas públicas. Há também a desigualdade, como eu já falei. E outro problema é a questão da consciência cidadã. Cada indivíduo tem que se sentir, primeiramente, um cidadão no seu dia-a-dia. Não adianta xingar o prefeito se você não paga imposto, se joga lixo no chão, se limpa a calçada com água, se ultrapassa sinal vermelho, pára na faixa de pedestre. É uma questão de cada um assumir a sua responsabilidade na cidade em vez de sempre apontar o dedo para os outros. É como dizia Gandhi [Mahatma Gandhi, 1869-1948, um dos idealizadores e fundadores do moderno estado indiano e influente defensor do satyagraha, princípio da não-agressão e forma não-violenta de protesto]: “nós temos que ser o mundo que nós queremos ter. Se quer que o mundo seja ético, você tem que ser”.

Fonte: Revista E - julho de 2008 - nº 1 - ano 15

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O motivo dessa cópia descarada é simples: compartilho das mesmas idéias de Oded Grajew e o considero uma liderança exemplar no que tange as mudanças globais em nível qualitativo ("menos é mais"). Outro motivo é a possibiliade de adicionar, no texto original, links que levam diretamente para os sites citados na entrevista e, assim, facilitar a vida do blogueiro que se interesse pelo assunto.

Agradeço desde já a compreensão e espero que gostem dessa incrível entrevista. Parabéns para a Revista E.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Alienados em Massa: religião, terrorismo e dinheiro.

Uma pergunta perturba, desde sempre, minhas reflexões: por que estamos aqui? A verdade provavelmente foge da minha capacidade intelectual de compreensão. Não que seja impossível pensar sobre o assunto, muito pelo contrário, tal questão foi e é filosoficamente fundamental para as decisões que tomei e tomo em minha vida.

Escolher um caminho é reflexo direto da realidade em que se está inserido. Viver consiste em encontrar uma justificativa convincente, para que nossa existência seja plausível para nós mesmo e para o mundo. Seria uma espécie de sentimento de pertencimento.

Dentro desse complexo paradigma existencial temos inúmeros filósofos, religiosos, cientistas, artistas etc que dedicaram e dedicam suas vidas na busca por um fragmento da verdade, que se esconde por trás de tal pergunta tão intrigante. Acredito que Peter Joseph seja um desses indivíduos.

Joseph traduz essa busca existêncial no documentário “Zeitgeist”. Através do levantamento de uma complexa teia de informação ele propõe o questionamento dos fundamentos religiosos, políticos e econômicos que estão por traz da construção da civilização humana. Nossa história é analisada sob uma perspectiva maquiavélica, em que valores e costumes aparentemente inofensivos assumem o papel de instrumentos de poder. Mais chocante, tais instrumentos são usufruídos exclusivamente por uma elite manipuladora e totalitária.

Sem mais delongas, confira esse brilhante e imperdível trabalho e tire suas próprias conclusões...





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Vale a pena conferir...

Site Oficial:
Zeitgeist (Peter Joseph)

Filmes:
Teoria da Conspiração (1997)
Muito Além do Cidadão Kane (1993)
Monty Pyton: O Sentido da Vida (1983)
Rede de Intrigas (1976)

Livros:
O Mundo Assombrado pelos Demônios (Carl Sagan)
Invenção das Tradições
(Eric J. Hobsbawm)

Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo (Max Weber)

CDs:
The Process of Belief (Bad Religion)
Tropicália ou Panis et Circenses (Caetano Veloso, Gilberto Gil, Mutantes etc)

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sexta-feira, 8 de agosto de 2008

RSS: Otimização do Tempo!

Há pouco tempo li uma postagem interessante no blog INTERney. Ela consistia em quinze dicas para começar um blog do zero. Dentre todas, uma chamou bastante minha atenção: Feed RSS.

Sou um freqüentador assíduo de blogs e várias vezes me deparei com as propostas de inscrição em RSS ou Feed. A pergunta que me veio à cabeça foi: afinal pra que serve isso? Não perdi tempo e fui me informar sobre esses recursos.

Pelo que entendi, RSS consiste em uma inovadora tecnologia que “junta” em um só local as informações fornecidas, principalmente, por sites de notícias e blogs. Outra forma de definir seria: RSS é a tecnologia que agrega e Feed são as fontes disponibilizadas.

Famoso logotipo do RSS

Para as informações serem agregadas e acessadas deve-se fazer uso de um programa leitor de feeds: os “feed reader” ou agregador. Aparentemente, os mais conhecidos são: FeedReader, Google Reader e o Bloglines.

Até aqui tudo parece um pouco confuso. Pelo menos foi o que pensei até esse ponto do campeonato. Além de escolher um agregador, eu teria que aprender a agregar. Pareceu-me demasiadamente complexo. Mesmo assim resolvi tentar.

Dentre os agregadores disponíveis optei pelo Google Reader. Primeiro por que qualquer um com uma conta Gmail pode acessar os serviços de RSS, ou seja, um cadastro a menos em minha vida. Segundo porque ele é em português.

Entrei no site do Google Reader e me espantei com a facilidade de uso. Extremamente intuitivo. Mas para facilitar ainda mais, vou disponibilizar um tutorial rápido de como começar a usá-lo.

Tutorial: Meu primeiro acesso ao Google Reader!

1º Passo: Acesse o Site do Google Reader.


2º Passo: Acesse o Google Reader utilizando sua canta Google

Caso você ainda não possua uma Conta Google clique AQUI. Para conferir alguns dos serviços oferecidos pelo Google clique AQUI.

3º Passo: Pronto! Você já possui os serviços do Google Reader a sua disposição.

1º: ao clicar em Adicionar Inscrição uma pequena janela se abrirá. Basta escrever o endereço do site que você que receber as notícias e pronto. Lembre-se que o site precisa disponibilizar o serviço de RSS.
2º: O Google Reader possui uma galeria de sites que oferece o serviço de RSS. Simplesmente sinta-se a vontade para navegar e se inscrever naqueles de seu interesse.

4º Passo: Gerencie suas inscrições.
Na parte inferior do site tem um link que te leva a uma suíte bastante intuitiva, que permite gerenciar (apagar, mudar o nome etc) dos sites em que você está cadastrado para receber feeds.

5º Passo: Leia seus feeds.

Agora é só desfrutar das informações que você escolheu receber. Para isso, clique no nome do site na coluna da esquerda e as notícias fresquinhas irão aparecer a sua direita.

Depois que comecei a utilizar os recursos do RSS minha produtividade em frente ao computador aumentou significantemente. Não tenho mais que ficar garimpando meus favoritos em busca daquele blog que visitei a muito tempo atrás. Além disso, a grande sacada do RSS é ter acesso à notícia assim que ela for publicado, ou seja, é o fim das muitas visitas diárias aos seus sites prediletos em busca de novas informações. Elas chegam pra você de mão-beijada. Basta se conectar ao seu agregador.

A maioria dos sites oferecem links diretos de inscrição para o usuário se cadastrar em seu serviço de RSS. Essa é uma forma ainda mais eficiente de você selecionar o conteúdo que lhe agrada. Esses links são fáceis de identificar. São normalmente alaranjados e/ou semelhantes com a primeira imagem dessa postagem; podem aparecer também como as inscrições Feed e/ou RSS. Clicando sobre eles você é automaticamente direcionado para um site de cadastramento. Nesse você pode adicionar o serviço RSS do site, em questão, à lista de seu agregador. Para descomplicar farei uso de um exemplo.

Tutorial: Inscrevendo-se em um RSS através de um link direto.


1º Passo: Identifique o ícone de cadastramento em RSS

Como exemplo estou usando o cadastramento de RSS do Between, my well!
Após localizar o ícone clique sobre ele. Abrirá uma nova janela.


IMPORTANTE: Existem diversos serviços de cadastramento direto. O Between, my well! faz uso do FeedBurn, um dos mais conhecidos e utilizados no mundo. Portanto, os passos a seguir dizem respeito ao mecanismo de cadastramento desse serviço.

2º Passo: Selecione o agregador que você utiliza.

1º: No topo está localizado o site a que pertence o RSS.
2º: Clique sobre o agregador que você utiliza ou escolha um de uma lista. No meu caso, como uso o Google Reader eu clico sobre o ícone do Google.
3º: Outro serviço interessante é o cadastramento por email. Você recebe o conteúdo do site direto na sua caixa de emails.
4º: Previa sobre como é esteticamente os feeds do site em que você pode se cadastrar.


3ºPasso: Inscrevendo-se pelo Google Reader.

Ao clicar no ícone do Google no 2º Passo abre-se essa janela. Clicando sobre "Add to Google Reader" o serviço de RSS é adicionado na sua lista de inscrições. Pronto!

4º Passo: Recebendo feeds por email.

Clicando-se sobre o link "delivered by email" do 2º Passo você aciona a janela acima. Basta digitar seu email e copiar a combinação de letra e números no espaço em branco mais inferior. Você receberá as últimas notícias diretamente em seu email.

Simples e prático. Acredito que com essas dicas fica mais fácil iniciar o uso dos recursos extraordinários oferecidos pela tecnologia RSS. Se pintar alguma dúvida é só entrar em contato. Na medida do possível posso tentar ajudar. =)

Para os usuários do Firefox existe um tutorial bastante interessante que permite otimizar ainda mais a relação entre os sites e as inscrições em novos serviços de feed. Para saber mais clique AQUI e divirta-se!

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Antes de finalizar o post gostaria de apoiar uma campanha bastante interessante: Disponibilize seu Feed COMPLETO!

O Between, my well! apóia essa causa!

Essa campanha defende o direito do leitor de ter acesso ao feed na integra. Mas o que isso quer dizer? É simples. Ao disponibilizar o serviço de RSS em um site o administrador pode optar entre duas maneiras: completo e incompleto. Na primeira os feeds são enviados na integra, em outras palavras, o leitor tem acesso as informações sem precisar visitar o site que os publicou. Já na segunda os feeds são enviados em forma de tópicos, ou seja, o leitor tem acesso à somente parte da notícia. Uma das justificativas para tal opção é a questão da estética. Por outro lado, a quem defenda que essa seja uma pratica que força a visita do leitor ao site. A visita do usuário reflete diretamente nas estatísticas do blog, sem contar que garante os ganhos financeiros em publicidade.

O Between, my well! disponibiliza todos os seus conteúdos integralmente e acredita que cabe ao leitor querer visitar o blog ou não. Prezo pela qualidade, praticidade e liberdade. Sou contra os usuários que fazem uso dos blogs para unicamente ganhar dinheiro.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Guerrilheiros da Estética - Parte 3

Como eu disse na primeira postagem dessa série: a arte durante muito tempo me mostrava elitizada e inacessível. Roger L. Taylor afirma que muitas vezes isso não deixa de ser uma verdade, não é por acaso que ele intitulou seu livro de: “Arte, Inimiga do Povo”. Claro que atualmente já não a encaro dessa forma. Também sei que a classe dominante, ainda, prevalece nesses circuitos e que na maioria das vezes busca vender seu estilo de vida como superior e elevado.

Por outro lado, existiu e existe uma espécie de resistência a essa mercantilização. Uma espécie de resistência natural. Um reflexo à arte imposta. Como se a voz das demais classes clamassem por espaço para se expressarem.

Essa força de resistência é extremamente bem representada nos dias atuais pelo street art, ou popularmente conhecida no Brasil por Arte de Rua. Dentre os muitos artistas espalhados pelo mundo, dois a meu ver ocupam um lugar de destaque: Banksy e Zezão.

Banksy é natural do Reino Unido e, atualmente, é reconhecido mundialmente por seus grafites e intervenções de cunho social. Com uma precisão cirúrgica ele consegue tocar os sentimentos das pessoas, causando uma reflexão bastante intensa sobre o mundo capitalista e desumanizado que estamos inseridos. Apesar de afirmar que ele não faz suas obras pensando no humor, temos que reconhecer que muitas vezes é inevitável não rir. Em seu site, na seção films, temos algumas de suas intervenções.

Pintura rupestre colocada por Banksy no Britsh Museum.

Banksy: “Tem um elefante na sala. Tem um problema que nós nunca falamos sobre.”

Intervenção de Banksy no muro erguido por Israel entre este país e a Palestina.

A Mídia, por Banksy.

Do outro lado do Atlântico encontra-se Zezão. Especificamente nas galerias subterrâneas da cidade de São Paulo. Começou desde cedo seus rabiscos. Inicialmente seus alvos eram o banheiro da escola, carteiras e as paredes por onde passava nos seus “rolês” de skate. Após uma lesão no joelho e incentivado pela obra de Basquiat aderiu fortemente ao movimento de Arte de Rua.

O mais interessante na história de Zezão é sua identificação com lugares escatológicos. Isso mesmo, ele não esconde sua grande identidade com lugares abandonados e o esgoto. Diz ele: “É nos lugares nojentos que a arte aponta”. Esse é um ponto muito interessante na arte de rua: o local onde a obra se insere é fundamental para sua compreensão, ou seja, um grafite fora de contexto perde muito de seu impacto. E impacto Zezão sabe causar. Seus belos grafites parecem tomar vida em meio à cruel realidade que os cercam. As cores de seu spray rasgam o cinza-urbano e revelam um mundo podre, muitas vezes ignorado devido à mesmice cotidiana. A arte de Zezão escancara esse mundo podre e chama a atenção para a banalização dos nossos sentidos.

Zezão finalizando uma arte no esgoto.

Muro grafitado por Zezão.

Intervenção do Zezão em um local abandonado.

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Vale a pena conferir...

Artigos:
Zezão sai do esgoto (Cassiano Elek Machado)
A Arte esta na Rua (Gustavo Pimenta)


Livros:
1984 (George Orwell)
Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley)
Arte Inimiga do Povo (Roger L. Taylor)
História Geral da Arte (H. W. Janson)

Filmes:
Basquiat (1996)
Pollock (2000)
Modigliani (2004)

Museus:
MASP - Museu de Arte de São Paulo
MoMA - Museu de Arte Moderna de Nova york
Museu do Louvre

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quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Guerrilheiros da Estética - Parte 2

É inevitável, portanto, não reconhecer a arte como um retrato de uma época ou geração. Mais que isso, ela transcende esse significado ao assumir o papel de uma importantíssima ferramenta formadora de opinião. Não é de se estranhar que multinacionais destinem intensas verbas para pesquisas a cerca de um visual publicitário que acompanhe sua geração de consumidores. É o caso, por exemplo, de Andy Warhol e seus famosos designers desenvolvidos para a Coca-Cola e a Campbell’s – ícones que marcaram gerações e que até hoje estão presentes em nossa sociedade.

Do outro lado da moeda encontra-se outra vertente de artistas, que buscam através de sua arte questionar e muitas vezes simplesmente chocar. É o caso de Joseph Beuys, que após ter sobrevivido a um terrível acidente na Segunda Guerra Mundial, dedicou sua a vida a pensar o mundo. Para isso fez uso de uma arte-filosofia desconcertante, na qual o homem é comparado a animais e a estética de suas obras beira o caos. Disse ele: "Libertar as pessoas é o objetivo da arte, portanto a arte para mim é a ciência da liberdade."

Performance de Beuys: "Como explicar quadros a uma lebre morta."

Outro expoente dessa geração de artistas revolucionários é o brasileiro Hélio Oiticica. Atuou em diversas áreas da arte, da literatura à pintura. É caracterizado por seu trabalho com cores vibrantes e, principalmente, por criar os “penetráveis”, que consistiam em esculturas manuseáveis (“bólides”) e de vestir (“parangolés”) – revolucionou a forma de se encarar a obra de arte. Rompe-se com a premissa de que a arte deveria ser contemplada, transforma o espectador em parte da obra. Outro fato marcante é ter sido influência direta para o movimento tropicalista. Em momento algum de sua carreira se apresentou démodé: “Se há gente interessada em minha obra anterior, melhor, mas não vou expô-la ou ficar repetindo ad infinitum as mesmas coisas; não estou aqui para fazer retrospectivas, como um artista acabado; estou no início de algo maior.”


Guerrilheiros da Estética - Parte 1

Acreditei por muito tempo que a Arte era privilégio e conseqüência de interesses de elites, porém fui perceber mais tarde que minha opinião era demasiadamente preconceituosa. Sei que muitas vezes uma má interpretação ou uma supervalorização de algum trabalho possa vir a ofuscar os reais sentidos que se escondem atrás dessa antiga e interessantíssima forma de manifestação humana. Definições são muitas e seu real sentido provavelmente nunca seja alcançado, mas negá-la não é uma opção.

Guardamos registros artísticos desde as épocas mais remotas de nossa ocupação no planeta, como é o caso das famigeradas pinturas rupestres. Mais importante, que a incrível qualidade e capacidade do homem “primitivo” em realizar desenhos e esculturas com uma gama bastante simples de materiais, era a inexplicável condição humana de tentar desde sempre expressar suas percepções, emoções e idéias sobre o mundo que o norteava – uma espécie de busca por justificativa de suas ações e para sua própria existência.

Nessa perspectiva a Arte não só pula de um status de privilégio de poucos como passa a assumir a condição de necessidade humana. Dentro dessa necessidade é que se explica o porquê de sua importância para a humanidade.

Existem diferentes métodos para se entender as obras de arte: histórico, formalista, iconográfico e sociológico. A meu ver, o primeiro e o último assumem um papel de destaque. Uma vez que inserem a obra em um contexto histórico-social e, assim, permitem pensá-la como reflexo das idéias e influências vividas pelo artista. Para exemplificar selecionei três obras que se encaixam dentro dessa realidade:

El três de Mayo de 1808 (Obra realizada por Goya em 1814)


Guernica (polêmico painel pintado por Picasso em 1937)

Retirantes (Obra realizada por Portinari em 1944)

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Between, my well! ???

Por que Between, my well!? Essa foi a primeira pergunta que me fiz quando decidi adotar esse nome para o meu blog. Esse post busca esclarecer essa dúvida e, quem sabe, afirmar minhas convicções a cerca desse nome um tanto quanto peculiar.

Para começar tenho que reconhecer, mais uma vez, minha entrada tardia na Blogosfera. Ou seja, muitos nomes me agradavam, mas poucos ainda não haviam sido registrados.

Antes do atual nome tive várias idéias de nome. Minha preferida era Omeprazol: remédio tarja vermelha indicado para úlceras gástricas e intestinais. Parecia-me o nome mais correto, pois o objetivo inicial desse blog, além de expressar minhas idéias e opiniões, era promover o debate sobre a realidade ácida em que estamos inseridos. O blog funcionaria como uma espécie de "remédio"; cujo fim seria refletir, dialogar e/ou construir soluções para o nosso mundo. Infelizmente, Omeprazol e todas suas variáveis já estavam registradas.

Segui em frente.

Estava navegando despretensiosamente quando me deparei com um post bastante interessante, ele se chamava: "Gírias em Inglês". Me diverti bastante, pois ele traduzia literalmente as gírias do português para o inglês. Simplesmente genial!!! Imaginei um brasileiro no exterior fazendo uso dessas gírias e sendo mal compreendido.

Um dos significados de Gírias, segundo o Aurélio, é: "linguagem peculiar àqueles que exercem a mesma profissão ou arte". Nesse sentido esta algo que me chamou a atenção. A linguagem é uma das mais poderosas armas/ferramentas que possuímos. Gírias são utilizadas o tempo todo tanto para distinguir quanto para aproximar interesses, pessoas, grupos e culturas. Nesse aspecto surge uma discussão maior: as desigualdades sociais, políticas e econômicas entre as civilizações.

Parece bobeira, mas o Brasil recebeu e recebe influência de diversas culturas, como: ibérica, inglesa, francesa, norte-americana, árabe, japonesa, chinesa etc. O intercâmbio cultural é construtivo, necessário e inevitável. Devemos refletir e estabelecer limites éticos que garantam um intercâmbio saudável, ou seja, devemos pensar que as diferenças não fazem uma civilização melhor que outra e assim não garantem a imposição de uma cultura sobre as demais. Elas são simplesmente diferentes e devem ser respeitadas igualmente. Historicamente conferimos que esses limites muitas vezes foram ultrapassados, como no caso da atual intervenção dos Estados Unidos no Oriente Médio devido às questões do ouro negro. Infelizmente, a imposição cultural e econômica aparece na história como regra e não exceção.


Ao perceber que uma simples brincadeira em um post pudesse levantar questões tão séria, não tive dúvidas, procurei entre elas a que mais se encaixava à proposta desse blog. Dentre todas, "Between, my well" teve um destaque especial. Representava um convite de boas vindas. Um convite para adentrar nas discussões que dividem e transformam opiniões. Imediatamente escalei tal gíria para o topo de idéias que me agradavam. Mais uma vez, esse nome já havia sido registrado, mas nada que um hífen não resolvesse. Estava criado o Between, my well!

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Vale a pena conferir...

Livros:
Preconceito Linguístico: como é, como se faz (Marcos Bagno)
Vidas Secas (Graciliano Ramos)
Homens e Caranguejos (Josué de Castro)
Choque de Civilizações (Samuel P. Huntington)

Filme:
Quanto Vale ou é por Quilo? (2005)

CD:
Welcome to the Cruel World (Ben Harper - 1994)
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Curiodades:
- O "ratinho" na parte superior direta do blog pertence ao artista Banksy. Eu simplismente inverti as cores para combinar com o layout do blog.
- O símbolo radioativo no favicon e no meu perfil enfatiza a capacidade destrutiva humana.
- His name is Robert Paulson.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Adentrando na Blogtopia!!!

Apesar de tardiamente, posso afirmar que agora sou o mais novo integrante do fenômeno social conhecido como Blogosfera. Acredito que os computadores, mais precisamente os computadores pessoais, juntamente com a internet representem uma das maiores invenções do ser humano, não digo isso por acaso, mas porque permitiram revolucionar não somente a forma do homem encarar o mundo como também revolucionaram, ainda mais, a otimização do tempo, do espaço e dos custos.

Hoje, em um computador encontramos funcionalidades que no passado somente seriam possível se dispuséssemos de uma gama imensa de equipamentos. Não é preciso muita criatividade, imagine ter em seu escritório uma máquina de escrever, um aparelho de som, álbuns de fotografias, cadernos de anotações, aparelho de DVD, televisão, fax, telefone, vídeo game, relógio, além de estantes com suas coleções de livros, filmes e discos. Essas são algumas das diversas funções que o computador conseguiu agregar em um único eletrodoméstico (!!!), sendo que muitas vezes essas funções foram aprimoradas.

Paralelo ao surgimento dos computadores entra em atividade em 1969 o ARPANET: projeto do governo dos Estados Unidos que visava interconectar os computadores militares e assim espalhar as informações por diversas localidades. Buscava-se proteger os dados de um possível ataque inimigo. Posteriormente essa tecnologia foi aderida por universidades e estudantes, que a utilizavam para agilizar a troca de informações e resultados de pesquisas. Como se tudo isso não bastasse, Tim Berners-Lee juntamente com o Centro Europeu de Pesquisas Nucleares desenvolveu um sistema projetado para simplificar a navegação e o acesso a essas informações, surge o World Wide Web (WWW). Estava aberto o caminho para a Internet como conhecemos hoje.

A Internet transcende a funcionalidade de interconectar computadores. Ela é revolucionaria, uma vez que descentraliza a forma de se lidar com informações e dados. Mais que isso permite o surgimento de um novo espaço de interação e construção social e cultural. Afirmo que a Internet é um expoente no processo de liberdade de expressão e o mais próximo que conseguimos chegar de uma efetiva democracia.

Tentando acompanhar todo esse turbilhão de novas tecnologias criei o Between, my well!: um blog voltado para satisfazer minha necessidade humana de expressão e, quem sabe, promover o diálogo e a produção de idéias. Resumidamente esse blog representa mais um passo que dou em direção da fascinante e atual Era da Informação.
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Vale a pena conferir...

Livros:
Cibercultura (Pierre Lévy)
A Galáxia da Internet (Manuel Catells)
A Vida Digital (Nicholas Negroponte).

Filme:
Piratas do Vale do Silício (1999)

CD:
Banda Larga Cordel (Gilberto Gil - 2008)
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PS: a imagem acima pertence a Fábio Tremonte e foi retirada da Revista Educação Especial: Biblioteca do Professor nº 8. Utilizei essa imagem devido à incrível semelhança da personagem comigo, sem contar que ela transmite bem a idéia que quero passar nesse primeiro post.