quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Guerrilheiros da Estética - Parte 2

É inevitável, portanto, não reconhecer a arte como um retrato de uma época ou geração. Mais que isso, ela transcende esse significado ao assumir o papel de uma importantíssima ferramenta formadora de opinião. Não é de se estranhar que multinacionais destinem intensas verbas para pesquisas a cerca de um visual publicitário que acompanhe sua geração de consumidores. É o caso, por exemplo, de Andy Warhol e seus famosos designers desenvolvidos para a Coca-Cola e a Campbell’s – ícones que marcaram gerações e que até hoje estão presentes em nossa sociedade.

Do outro lado da moeda encontra-se outra vertente de artistas, que buscam através de sua arte questionar e muitas vezes simplesmente chocar. É o caso de Joseph Beuys, que após ter sobrevivido a um terrível acidente na Segunda Guerra Mundial, dedicou sua a vida a pensar o mundo. Para isso fez uso de uma arte-filosofia desconcertante, na qual o homem é comparado a animais e a estética de suas obras beira o caos. Disse ele: "Libertar as pessoas é o objetivo da arte, portanto a arte para mim é a ciência da liberdade."

Performance de Beuys: "Como explicar quadros a uma lebre morta."

Outro expoente dessa geração de artistas revolucionários é o brasileiro Hélio Oiticica. Atuou em diversas áreas da arte, da literatura à pintura. É caracterizado por seu trabalho com cores vibrantes e, principalmente, por criar os “penetráveis”, que consistiam em esculturas manuseáveis (“bólides”) e de vestir (“parangolés”) – revolucionou a forma de se encarar a obra de arte. Rompe-se com a premissa de que a arte deveria ser contemplada, transforma o espectador em parte da obra. Outro fato marcante é ter sido influência direta para o movimento tropicalista. Em momento algum de sua carreira se apresentou démodé: “Se há gente interessada em minha obra anterior, melhor, mas não vou expô-la ou ficar repetindo ad infinitum as mesmas coisas; não estou aqui para fazer retrospectivas, como um artista acabado; estou no início de algo maior.”


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